domingo, 27 de dezembro de 2015

Desafio Nuno - escrita

este desafio foi feito ao Nuno Xarepe: cada um envia ao outro 2 imagens que depois escolhemos 1 e escrevemos um pequeno episódio como se fosse de um livro. esta foi a imagem que escolhi e este foi o texto que escrevi.
 

- JÁ ESTOU FARTA DISTO, MIGUEL! – gritou a mãe na cozinha. Com um gesto rápido tira a varinha do bolso, agita-a no ar, volta a guarda-la e continua a mexer lentamente o arroz doce que estava ao lume. Ouve os passos apressados do jovem até junto dela e quando chega, sorri ao ver o ar chocado no seu rosto enquanto esbraceja com os braços sem conseguir emitir um som.
- Quantas vezes é que já te disse que nada de asneiras aqui em casa? Pelo menos não quero ouvi-las.
Com um estalar de dedos da mãe, as mais variadas flores primaveris que cresciam da boca do filho e que cobriam a cara quase toda, foram desaparecendo.
- Ó mãe… elas tinham um sabor horrível…
- Preferias que fosse queijo que tanto detestas?
- Preferia que não tivesses essa varinha…
- Dá-te por contente por não te por pimenta na língua ou por não te lavar a boca com sabão azul e branco como o resto das mães…

para a imagem e o texto do Nuno (link do blog), cliquem neste link Desafio Aceite, Nuno ou aqui aqui de seguida. Uma das 2 imagens que enviei e que ele escolheu, foi esta. O texto vem já de seguida. Adorei o texto dele!

Joana, quando acordou naquela Sexta-Feira, tinha tudo para ser uma rapariga feliz. Um dia solarengo de Verão, a companhia do seu cão e uma chávena de café - que de pequena tinha muito pouco. Havia tirado o dia de folga e resolvera passear com o seu cão manhã adentro. Mas há dias e dias, e aquele não era apenas mais um dos dias de Joana. Toda aquela serenidade que lhe chegava através do som angelical do canto dos pássaros, do esvoaçar das borboletas e do azul do céu que a cobria, em tudo contrastava com o seu estado de espírito, frio e nevoento. Era um dia de Inverno para Joana, escuro e chuvoso. Cada pingo da chuva trazia consigo memórias associadas a mágoa e tristeza. Mas esta rapariga, a Joana que todos conhecem, aquela que colhe flores e as põe atrás da orelha, que capta cada momento mágico para mais tarde publicar no instragram, não se deixa ir abaixo assim. Contra tudo e todos, enfrentou o que este dia lhe tinha reservado, escapando entre cada pingo da chuva, e contra todas as leis da física acendeu um cigarro nesta sua sexta-feira chuvosa. Com o cabelo a pingar, atado e com um cigarro na mão percebeu que apesar da sexta-feira negra, tinha tudo para ser feliz. Foi neste dia que aquela rapariga percebeu que a vida é um choque diário entre o eu interior e o meio exterior. E que é nessa linha ténue, onde se cruzam estas duas realidades, que reside a felicidade.
E porra, podem tentar de tudo, que essa tal Joana vai continuar a ser feliz!
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Desafio aceite e cumprido!! Venha o próximo smile emoticon